A Escola Municipal Anitta Ferreira de Moraes, localizada no interior de Bom Retiro do Sul, iniciou neste ano um projeto de horta escolar que mobiliza alunos, professores, pais e parceiros da comunidade. A proposta vai ao encontro do objetivo da Secretaria de Educação de valorizar a identidade rural da instituição por meio de atividades ligadas à terra e ao cultivo de alimentos.

A Anita Ferreira de Moraes é a única escola da rede municipal situada no interior. A outra escola rural do município é a Escola Estadual de Ensino Fundamental de Pinhal, localizada na comunidade de Pinhal e vinculada ao Estado. O projeto da horta se consolidou a partir de uma parceria com a Cresol, que forneceu os materiais necessários para a implantação. Além disso, recebeu o apoio da comunidade escolar e até da Escola de Pinhal, que colabora doando mudas para o cultivo.

Trabalho coletivo entre alunos

Na prática, as atividades da horta foram organizadas de acordo com a faixa etária dos estudantes. Os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental ficaram responsáveis pelas tarefas mais pesadas, como capina e preparação dos canteiros. Já os menores ajudam na limpeza e participam das colheitas. O plantio é feito de forma conjunta, integrando turmas diferentes em um mesmo processo.

De acordo com a orientadora educacional, Luciane Dorensbach, a iniciativa fortalece o vínculo dos estudantes com a vida no campo e estimula a sucessão rural. “É fundamental que uma escola inserida no meio rural proporcione às crianças a oportunidade de vivenciar, dentro do espaço escolar, aquilo que já faz parte do dia a dia delas em casa”, destaca.

Aprendizado interdisciplinar

A horta também se transformou em um recurso pedagógico para diversas disciplinas. A professora Ana Paula Saldanha explica que, por meio do projeto, é possível ensinar matemática, ciências e até noções de responsabilidade coletiva. “Na matemática, trabalhamos com a contagem e a soma de elementos. Já em ciências, as crianças observam como as hortaliças são semeadas, crescem e se desenvolvem, aprendendo sobre irrigação, importância do solo e da luz solar. É um conhecimento que se conecta diretamente à vida delas”, afirma.

Da horta para a merenda

Os resultados do projeto não ficam apenas na aprendizagem. As hortaliças cultivadas no pátio da escola passam a integrar a merenda escolar, reforçando a alimentação saudável dos alunos e concluindo um ciclo de produção e consumo dentro da própria instituição.

Para a diretora Geovani Rodrigues, a experiência é motivo de orgulho. “É gratificante estar à frente da escola em um momento em que começamos a valorizar as atividades rurais de forma pedagógica. Isso dá sentido ao aprendizado e aproxima ainda mais a escola da realidade dos alunos”, diz.

A realidade dos estudantes valorizada

A horta também é motivo de identificação para os jovens. Otávio Ribeiro, de 14 anos, aluno do oitavo ano, contou que em casa participa das atividades da família no campo, como o cuidado com o gado e o plantio de milho. Para ele, ver essas práticas sendo reconhecidas na escola é especial. “É importante porque a gente se sente parte. A nossa realidade passa a ser abraçada pela escola”, relata.

Para a secretária de Educação, Cristiane de Souza, com o projeto da horta, a Escola Anita Ferreira de Moraes mostra como a valorização do espaço rural pode fortalecer a aprendizagem, estimular hábitos saudáveis e, ao mesmo tempo, reforçar a identidade cultural da comunidade em que está inserida.